Pouca criatividade, péssimas finalizações e sustos marcaram a terceira fase da competição para o Timão contra o América-RN, da Série D do Brasileirão
O que a estatística engana o fã desavisado do futebol é uma grandeza. Quem lê os números de Corinthians 2 x 1 América-RN, pela terceira fase da Copa do Brasil, achou que a atuação do Coringão foi digna de aplausos. Não foi. Repetir o placar do jogo de ida, na Arena das Dunas, não deveria ser motivo de orgulho para o clube do Parque São Jorge, visto que Carlos Miguel, substituto de Cássio no gol alvinegro, foi o melhor em campo na partida em Natal e o time levou dois gols de um clube que atua na QUARTA DIVISÃO do futebol brasileiro.
Foram 67% de posse de bola para o Corinthians em Itaquera. Vinte e oito finalizações contra apenas seis do adversário. Quatro grandes defesas de Renan Bragança, goleiro da equipe potiguar, nove escanteios corintianos nos 90 minutos. Parece muito, não é? Não foi. E posso provar, porque narrei o jogo ontem pela Rádio Bandnews FM.
O time de Antonio Oliveira tem um crônico problema de construção das jogadas. Não sei ainda se por deficiência técnica ou falta de boas ideias, a equipe faz movimentos muito previsíveis e seu principal criador, Rodrigo Garro, fica muito longe de seus companheiros de ataque (Wesley, Yuri Alberto e Romero). Depende demais dos lampejos de Wesley e seus dribles pelo lado esquerdo. Se ele não estiver inspirado, o time não cria grandes jogadas. Das 28 finalizações do Corinthians contra o América em Itaquera, apenas seis delas foram na direção do gol. Foram 13 outras para fora, outros seis bloqueados pela defesa de cinco jogadores do Mecão (veja mais em https://www.flashscore.com.br/jogo/jwehodom/#/resumo-de-jogo/estatisticas-de-jogo/0)
Os gols do Corinthians, como tem sido nos últimos jogos, nasceram em erros do adversário. Ontem, o primeiro surgiu de um escorregão do zagueiro Hygor Ribeiro, que cedeu a bola a Breno Bidon, que serviu Yuri Alberto. O segundo, um bate-rebate na área em que Cacá apareceu sozinho girando para marcar aos 46 minutos do segundo tempo. Muito pouco para um time do poderio do Corinthians, com seu orçamento e seus jogadores. Importante dizer: contra um time da quarta divisão do futebol brasileiro.
No primeiro minuto de jogo, a desatenção da defesa alvinegra quase custou o jogo, quando Norberto apareceu sozinho na área de Carlos Miguel e, não fosse ele um lateral de origem, o jogo estaria um a zero para o América desde o seu começo. O gol que a equipe visitante encontrou em Itaquera também nasceu de um erro de posicionamento defensivo da equipe em bola parada. Felix Torres tirou de cabeça para a entrada da área e não havia ninguém na meia-lua para cortar a segunda bola. Wenderson entrou batendo e venceu Carlos Miguel empatando o jogo.
São problemas crônicos que Antonio Oliveira parece fingir não ver. De um time que tem tempo para treinar e não evolui nos momentos defensivos e ofensivos. Tem algo em bola parada no ataque, mas falha muito na bola aérea defensiva. Precisa melhorar muito não apenas para seguir avançando na Copa do Brasil, mas para principalmente evitar o rebaixamento no Brasileirão.
